domingo, 24 de maio de 2009

Asalto paquistaní al corazón talibán - El País

El Ejército entra en Mingora, principal centro del valle del Swat y bastión islamista - Los militares aseguran que quedan en la zona unos 2.000 combatientes radicales.

ÁNGELES ESPINOSA - Islamabad - 24/05/2009



El Ejército de Pakistán anunció ayer su entrada en Mingora, el principal núcleo urbano del valle del Swat. Los talibanes se habían hecho fuertes en esa ciudad desde que hace dos semanas empezara la operación militar para expulsarlos del distrito. Se trata de una fase decisiva de los combates. Sólo si los soldados toman Mingora podrán decir que han recuperado el valle. Pero los insurgentes van a defender ese territorio estratégico que, a diferencia de las regiones montañosas tribales colindantes con Afganistán, les abre una vía de comunicación directa con el resto de Pakistán.

"Han empezado los combates en las calles de Mingora", anunció el general Athar Abbas durante una conferencia de prensa retransmitida por la televisión paquistaní. El portavoz aseguró que había duros enfrentamientos en el centro urbano y que 17 terroristas resultaron muertos el sábado. Según el recuento del Ejército, imposible de verificar, han perecido 1.100 talibanes y 58 soldados en la ofensiva. Abbas estima que entre 1.500 y 2.000 combatientes experimentados siguen en Swat.
Sólo los criminales que se alían con los radicales islamistas han huido ante la llegada del Ejército.

Esos milicianos, que según los analistas se curtieron en las batallas de Waziristán, no van a retirarse tan fácil de ese valle estratégico. "Tiene las comunicaciones y las infraestructuras perfectas para montar un centro de mando terrorista", explica el experto en el fenómeno talibán Ahmed Rashid.
"Los terroristas van a usar [a los civiles] como escudos humanos. Van a hacerles rehenes, por eso nos estamos moviendo con mucho cuidado", señaló el general Abbas. "La operación ha empezado y, si Dios quiere, vamos a llevarla hasta su lógico final". El portavoz militar estimó que en Mingora quedan entre 10.000 y 20.000 civiles, una fracción de los 360.000 habitantes que la ciudad tenía antes de los combates.
Quienes huyeron durante los levantamientos del toque de queda han declarado que los talibanes han minado la ciudad para impedir la salida de los residentes y utilizarlos de escudos humanos, una denuncia de la que a principios de semana se hizo eco Human Rights Watch. Esa organización de defensa de los derechos humanos también denunció que "el Ejército no parece tomar las precauciones necesarias en los bombardeos aéreos (...) que han provocado importantes pérdidas entre la población civil".
Las fuerzas de seguridad llevaban varios días preparándose para entrar en la ciudad, que aunque no es la capital del distrito constituye el principal centro comercial del valle. El centro administrativo, Saidu Sharif, situado en la orilla oriental del río Swat, se ha convertido en un barrio de Mingora. Su conquista es esencial para poder declarar el triunfo.
Este antiguo principado, que Pakistán se anexionó formalmente en 1969, albergaba la única estación de esquí del país. Era uno de los destinos favoritos de los recién casados. La comarca se convirtió en terreno vedado hace un par de años. De la mano de un fanático religioso local, el maulana Fazlullah, que hasta entonces operaba el remonte, los talibanes lograron hacerse con el control de las débiles instituciones del Estado mediante la intimidación.
Un primer intento del Ejército para recuperar el control, a finales de 2008, produjo una sangría. Aunque bien comunicado, el valle resulta fácil de defender. Desde sus atalayas, los talibanes repelían sin dificultad a los mal pertrechados miembros del Frontier Corps, la fuerza paramilitar sobre la que se descargó esa responsabilidad. Los uniformados optaron por firmar un alto el fuego en febrero y el Gobierno aceptó la petición de los insurgentes para que se implantara la sharía (ley islámica) en la región. Envalentonados, los barbudos empezaron a infiltrarse en los distritos vecinos de Buner y el Bajo Dir, provocando la intervención militar.
El Ejército también asegura haber limpiado de talibanes la localidad de Matta y haber avanzado en su bastión de Peochar. A pesar de esos progresos, el primer ministro, Yousuf Raza Gilani, rebajó las expectativas creadas por unas declaraciones del presidente, Asif Ali Zardari, sobre que la operación vaya a extenderse a Waziristán del Sur, la principal base de los talibanes paquistaníes. "No estamos tan locos como para abrir varios frentes", dijo.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Iraque 2009 - Notícias BBC Brasil

Atentados matam pelo menos 23 no Iraque

Ferido em hospital de Kirkuk, Iraque

O ataque em Kirkuk deixou oito mortos e vários feridos.

Pelos menos 23 pessoas morreram em uma série de atentados nesta quinta-feira em Bagdá e Kirkuk, no Iraque.

No distrito de Dora, zona sul de Bagdá, um homem-bomba matou 12 pessoas em um mercado. Segundo a polícia iraquiana, entre os mortos estariam três soldados americanos, mas o Exército dos Estados Unidos não confirmou a informação.

No ano passado, Dora era considerado um dos distritos mais perigosos da capital.

Uma outra bomba na delegacia do distrito de Al-Mamoun, no oeste da capital iraquiana, matou três policiais e feriu 19 pessoas, incluindo oito civis. A polícia disse que o artefato explosivo estava dentro de um depósito de lixo.

Em Kirkuk, um ataque contra uma milícia sunita aliada às tropas americanas matou oito pessoas. Um homem vestido com o uniforme da milícia entrou em uma fila para receber o pagamento de salários e detonou explosivos.

Fatos isolados

Os ataques aconteceram um dia depois de um atentado com um carro-bomba matar 40 pessoas no noroeste de Bagdá.

Representantes dos governos do Iraque e dos Estados Unidos afirmaram que os atentados recentes são "fatos isolados" que não prejudicam os esforços das tropas, que conseguiram reduzir a violência sectária no país. Eles afirmam que os atentados que aconteceram nos últimos dias são menos sofisticados do que os que vinham ocorrendo no país.

Abril foi o mês mais violento no Iraque este ano, com aumento de 40% no número de pessoas mortas em relação à março.

A correspondente da BBC em Bagdá Natalia Antelava afirma que muitas pessoas na capital sentem que a situação está se deteriorando e que poderia piorar ainda mais a partir de junho, quando as tropas americanas começarem a deixar algumas das principais cidades do Iraque.

sábado, 16 de maio de 2009

Reforma agrária? Não!

O governo de Fernando Henrique Cardoso anuncia ter beneficiado 482.206 famílias, mas as estatísticas indicam que esse número não passa de 234.062, das quais 60% estariam situadas em novas zonas desmatadas. Maurice Lemoine
No dia 24 de março de 2002, cerca de 500 camponeses ocuparam uma fazenda da família do presidente Fernando Henrique Cardoso. Alguns dias mais tarde, quatorze trabalhadores humildes, ligados ao Movimento dos Sem Terra, foram libertados, no Pará, depois de passarem 60 dias presos, por também terem ocupado uma fazenda, de propriedade do ex-presidente do Senado, Jader Barbalho, acusado de diversos delitos político-financeiros. No dia 23 de maio, José Maria Oliveira, major da Polícia Militar, foi condenado a 158 anos de cadeia por ser responsável pela morte de dezenove camponeses em Eldorado do Carajás, no dia 17 de abril de 1996. Assim como o coronel Mário Pantoja, outro dos oficiais acusados, e apesar das provas irrefutáveis, ficaria em liberdade, pois seus advogados pediram a anulação de ambos os julgamentos.
Assim, nesses três casos, poderia ser resumida a situação da questão agrária ao final do mandato do atual presidente da República brasileira.
Latifúndios à venda
Os latifúndios representam 1% das propriedades agrícolas e a área das vinte maiores propriedades fundiárias equivale à de 3,3 milhões de pequenos produtores
Os latifúndios (terras com mais de mil hectares), que representam 1% das propriedades agrícolas, ocupam 45% das áreas produtivas – muitas vezes não exploradas. A área correspondente às vinte maiores propriedades fundiárias equivale à de 3,3 milhões de pequenos produtores. Nesse meio tempo, pelo menos 3,5 milhões de famílias de camponeses espera pela reforma agrária.
O governo de Fernando Henrique Cardoso anuncia ter beneficiado 482.206 famílias (final de 2001), mas as estatísticas indicam que esse número não passa de 234.062, das quais 60% estariam situadas em novas zonas, abertas, de povoamento (o que agrava o problema do desmatamento). Por outro lado, o presidente promove uma política de venda de latifúndios (comprados a preço de ouro) aos camponeses (que não têm como pagar!), ao invés de democratizar o acesso à terra por meio da desapropriação. O MST, por sua vez, reivindica a transferência de terras improdutivas e já instalou 138 mil famílias em terras “ocupadas”. A resposta não se fez esperar: seus dirigentes ferozmente reprimidos, uma onda de expulsões, detenções arbitrárias e assassinatos de camponeses pobres.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

O que é pedagógico? - Le Monde Diplomatique Brasil

SOCIEDADE EM REDE


A revolução que a internet promove nas relações sociais afetará radicalmente as trocas de informações e conhecimentos. Como a pegadogia está lidando com estas mudanças? De que modo se dispõe a lidar com modos de aprender e ferramentas que estão se tornando universais? Hernani Dimantas (02/08/2008)


O que é pedagógico? Não sou educador. Logo, não estou habilitado para falar sobre pedagogia. Por outro lado, quando penso na internet, mais especificamente nas redes sociais que emergem no espaço informacional, ou quando penso em inteligência coletiva, em capital social, em produção de subjetividade, enxergo as possibilidades que a cultura digital vem desvelar. Um impacto que atravessa toda a organização da civilização. E transforma radicalmente todas as áreas do pensamento humano.
A pedagogia também foi atingida. Assim, posso não entender de pedagogia. Mas, com certeza, a internet impacta absurdamente na forma de as pessoas aprenderem e ensinarem.
Neste sentido, parto das idéias que costumamos debater no MetaReciclagem [1]. Principalmente o processo de apropriação da tecnologia social. As redes sociais, sua topologia e conexões, ou aquilo que costumamos chamar de conectazes, em que a impermanência tem ação inequívoca na transformação social. Este processo tem sido inspirador de muitos projetos de inclusão digital no Brasil.
Essa apropriação tem mais a ver com a forma como as pessoas conversam na rede. Pessoas que conversam com outras pessoas. Uns que ensinam os outros. Uns que aprendem com os outros. Numa dinâmica que só é possível quando temos as redes sociais como plataforma pública.
Aprendizado e conhecimento são, como diz Seely Brown, resultados do "entrelaçamento de múltiplas forças: conteúdo, contexto e comunidade". Nas redes sociais, essa ecologia está sempre presente
Bem, pelo menos para mim esta é a maneira por meio da qual nos alimentamos da conectividade. Aprendo muito navegando pelo conhecimento livre que encontro pelo meu caminho. John Seely Brown diz: "o que sabemos agora que não sabíamos há dez anos? O aprendizado e o conhecimento são resultados do entrelaçamento de múltiplas forças: conteúdo, contexto e comunidade". Nas redes sociais encontramos essa ecologia da aprendizagem.
Minhas dúvidas são reveladas na rede. Nos fóruns, em listas, encontro aquilo que outras pessoas estão fazendo. Pessoas postam dúvidas. Outros postam soluções. As pessoas blogam sobre diversos temas. Já li coisas lindas em blogs. As conversas das multidões hiperconectadas.
Logo, ensinar nessa realidade pressupõe conhecer as entranhas da rede. Pois quando as pessoas estão conectadas elas procuram outras pessoas para conversar. Querem estar no Orkut, bater papo no MSN, buscar aquilo que é relevante para cada um.
Não sei como a pedagogia está lidando com essas novas variáveis. Este é um grande desafio. Entretanto, como afirmei, nada entendo de pedagogia. Mas fui conferir no dicionário, e ele me diz que pedagogia "é a ciência que estuda os problemas relacionados com o seu desenvolvimento como um todo; é o conjunto de métodos que asseguram a adaptação recíproca do conteúdo informativo aos indivíduos que se deseja formar".
E mesmo a ortodoxia dicionarística só explicita o que fazemos na prática: o "desenvolvimento como um todo", a "adaptação recíproca do conteúdo informativo". Ou seja: não entendo de pedagogia, mas entendo desse fuzuê cibernético. E nessa composição estamos prontos para conversar.